terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Auto-estima no ambiente familiar e no âmbito escolar

O que é auto-estima? É a opinião e o sentimento
que cada pessoa tem por si mesma. É ser capaz de respeitar, confiar e gostar
de si.

A auto-estima influencia tudo que fazemos, pois é o resultado de tudo que acreditamos ser, por isso o autoconhecimento é de fundamental importância para aumentar a auto-estima. Ou seja, confiar em si mesmo, ouvir sua intuição, acreditar em sua voz interior, respeitar seus limites, reconhecer seus valores, expressar seus sentimentos sem medo, sentir-se competente, capaz e se tornar independente da aprovação dos outros, tudo isso faz com que a auto-estima se eleve. Mas é um processo gradativo que exige trabalho e conscientização.
Palavra-chave: Auto-estima, valores e sentimentos.
A auto-estima se forma a partir das primeiras experiências infantis. A criança percebe no olhar e na expressão amorosa dos pais que está recebendo atenção, que aqueles que a cercam se encantam e se preocupam com ela. Sentindo-se o centro das atenções, ela cresce confiante de que é amada e que sua existência é importante. Quando começa a ser educada, tendo que controlar seus impulsos e aprendendo que não pode realizar seus desejos e necessidades imediatamente, já possui uma base para suportar as pequenas restrições que lhe vão sendo impostas no processo de respeito às leis da sociedade e da convivência com os outros, o que vem a ocorrer na escola.
A opinião que a criança tem de si mesma está intimamente relacionada com sua capacidade para a aprendizagem e com seu rendimento. O auto-conceito se desenvolve desde muito cedo na relação da criança com os outros.
Os pais atuam como espelhos, que devolvem determinadas imagens ao filho. O afeto é muito parecido com o espelho. Quando demonstro afetividade por alguém, essa pessoa torna-se meu espelho e eu me torno o dela; e refletindo um no sentimento de afeto do outro, desenvolvemos o forte vínculo do amor, essência humana, em matéria de sentimentos.

E muitas vezes a relação dos pais com os filhos é narcísica: os pais esperam que os filhos sejam e realizem o que não conseguiram que reflitam para eles a imagem que não conseguiram ver refletida. Em geral, são pessoas insatisfeitas que impõem aos filhos o dever de lhes proporcionar, vicariamente, a felicidade que almejaram. Deixam, portanto, de verem o filho como uma pessoa com características e tendências próprias, e insistem em tratá-los como se fossem meros prolongamentos de si. Quando a criança não corresponde às expectativas e não tem a sorte de encontrar na escola experiências que venham a compensar ou anular o que viveu em casa, sente-se praticamente renegada, mesmo que isso se passe sorrateiramente. Surgem as pessoas com baixa auto-estima; condenadas a viverem em função da reação dos outros para se auto-avaliar.

Se os pais estão sempre opinando a partir de uma perspectiva negativa para os filhos, e se estão sempre os taxando de inúteis e incapazes, ou usando de zombarias e ironias, irá se formando neles uma imagem "pequena" de seu valor. E se com os amigos, na rua e na escola, repetem-se as mesmas relações, teremos uma pessoa com auto - estima baixa e baixo sentimento de auto - avaliação.

É nesta interação afetiva que desenvolvemos nossos sentimentos positiva ou negativamente e construímos a nossa auto imagem.

Segundo a teoria de Piaget que é ao mesmo tempo compreensiva e útil a todos. Ela oferece uma forma alternativa de se compreender o comportamento e o desenvolvimento humano, para aqueles interessados em educação e psicologia.
Não há leis ou fórmulas como na Física ou na Química, mas usar as teorias como recurso pedagógico e educativo e nos leva a descobrir aquelas que são mais úteis à formação da personalidade, que é de grande importância para todos nós, educadores, pois propõe uma reflexão sobre o nosso cotidiano e nossa relação com a criança. Isto é a meu ver, o apelo da obra de Piaget. Ela vai ao encontro das expectativas de pais e professores preocupados com o desenvolvimento da criança em todos os aspectos da sua personalidade.
O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral, que pode ser visualizado tanto no âmbito familiar, como no ambiente escolar.
A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com seus pares, com seu grupo etário e social.

E com algum preparo e sensibilidade o professor estaria mais apetrechado do que os próprios pediatras, dispondo de maior oportunidade para detectar problemas cruciais na vida e no desenvolvimento das crianças.
O preparo e bom senso do professor é o elemento chave para que essas questões possam ser melhor abordadas. A problemática varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais estressantes na vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças, as novidades, as exigências adaptativas, uma nova escola ou, simplesmente, a adaptação à adolescência.
Os pais e professores devem assumir relações de respeito mútuo com as crianças, e não autoritárias, pelo menos alguma parte do tempo em que permanecem juntos. Os pais podem encorajar as crianças a resolverem problemas por si mesmas e a desenvolverem a autonomia. Pais e professores precisam respeitar as crianças.
Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender.
Sem auto-estima dificilmente à criança enfrentará seus aspectos mais desfavoráveis e as eventuais manifestações externas. Já a criança com auto-conceito positivo parece mais ativa; tem facilidade em fazer amigos, tem senso de humor, participa de discussões e projetos, lida melhor com o erro, sente orgulho por contribuir e é mais feliz, confiante, alegre e afetiva.
É importante ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas bem, e que pode ter problemas com outras coisas. E que esperamos que faça o melhor que puder.
Também é uma boa ajuda admitirmos nossos próprios erros ou fracassos. Ela precisa saber que também nós não somos perfeitos: "Sinto muito. Não devia ter gritado. Fiquei o dia todo chateado.”
Neste sentido, os sentimentos devem ser tão bem demonstrados quanto são ensinados. Este é o segredo para um bom começo de vida. Ensinará a criança a enfrentar a vida. O orgulho, quando não é excessivo, contribui para o desenvolvimento da auto - estima.
A sensação de solidão, tristeza e a dificuldade de concentração na escola, tudo isso contribui para uma depressão infantil ou da adolescência, complicando muito o inter-relacionamento pessoal e o rendimento escolar. Pode haver dificuldade de concentração, motivação insuficiente para completar tarefas, comportamento agressivos com os colegas e faltas em excesso. Não se afastam, nesses casos, a necessidade dos professores orientarem algum ou ambos os pais para a procura de ajuda especializada para o aluno.
E convém relembrar que a auto - estima mantém uma estreita relação com a MOTIVAÇÃO ou o interesse da criança.

Referências:

WADSWORTH, J. Barry - Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget.

BALLONE GJ - Problemas Emocionais na Escola, Parte 1, in. PsiqWeb, Internet, disponível em 2004.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente, São Paulo, Martins Fontes, 1984.
WOODWARD, K. "Identidade e Diferença: Uma Introdução teórica e conceitual" In: Silva, T. Identidade e Diferença. A perspectiva de estudos Culturais. Petrópolis/ RJ: Vozes, 2000.