terça-feira, 19 de abril de 2011

ANÁLISE LITERÁRIA - AS CRÔNICAS DE NÁRNIA



AS CRÔNICAS DE NÁRNIA
- O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA –

Era uma vez duas meninas e dois meninos: Susana, Lúcia, Pedro e Edmundo. Esta história nos conta algo que lhes aconteceu durante a guerra, quando tiveram de sair de Londres, por causa dos ataques aéreos. Foram os quatro levados para a casa de um velho professor, em pleno campo, a quinze quilômetros de distância da estrada de ferro e a mais de três quilômetros da agência de correios mais próxima.
O professor era solteiro e morava numa casa muito grande, com D. Marta, a governanta, e três criadas, Eva, Margarida e Isabel, que não aparecem muito na história.
O professor era um velho de cabelo desgrenhado e branco, que lhe encobria a maior parte do rosto, além da cabeça.
As crianças gostaram dele quase imediatamente. Mas, na primeira noite, quando ele veio recebê-las, na porta principal, tinha uma aparência tão estranha, que Lúcia, a mais novinha, teve medo dele, e Edmundo (que era o segundo mais novo) quase começou a rir e, para disfarçar, teve de fingir que estava assoando o nariz.
Naquela noite, depois de se despedirem do professor, os meninos foram para o quarto das meninas, onde trocaram impressões:
– Tudo perfeito – disse Pedro. – Vai ser formidável. O velhinho deixa a gente fazer o que quiser.
– É bem simpático – disse Susana.
– Acabem com isso! – falou Edmundo, com muito sono, mas fingindo que não, o que o tornava sempre mal-humorado. – Não fiquem falando desse jeito!
– Que jeito? – perguntou Susana. – Além do mais, já era hora de você estar dormindo.
– Querendo falar feito mamãe – disse Edmundo. — Que direito você tem de me mandar dormir? Vá dormir você, se quiser.
– É melhor irmos todos para a cama – disse Lúcia. – Vai haver confusão, se ouvirem a nossa conversa.
– Não vai, não – disse Pedro. – Este é o tipo de casa em que a gente pode fazer o que quer. E, além do mais, ninguém está nos ouvindo. É preciso andar quase dez minutos daqui até a sala de jantar, e há uma porção de escadas e corredores pelo caminho.
– Que barulho é esse? – perguntou Lúcia de repente.
Era a maior casa que ela já tinha visto. A idéia de corredores compridos e fileiras de portas que vão dar em salas vazias começava agora a lhe dar arrepios.
– Foi um passarinho, sua boba – disse Edmundo.
– Foi uma coruja – disse Pedro. – Este lugar deve ser uma beleza para passarinhos. E agora pra cama! Amanhã vamos explorar tudo. Repararam nas montanhas do caminho? E os bosques?
Aqui deve ter águia. Até veado. E falcão, com certeza.
– E raposas! – disse Edmundo.
– E coelhos! – disse Susana.
Mas, quando amanheceu, caía uma chuva enjoada, tão grossa que, da janela, quase não se viam as montanhas, nem os bosques, nem sequer o riacho do quintal.
– Tinha certeza de que ia chover! – disse Edmundo.
Haviam acabado de tomar café com o professor e estavam na sala que lhes fora destinada, um aposento grande e sombrio, com quatro janelas.
– Não fique reclamando e resmungando o tempo todo – disse Susana para Edmundo. – Aposto que, daqui a uma hora, o tempo melhora. Enquanto isso, temos um rádio e livros à vontade.
– Isso não me interessa – disse Pedro. – Vou é explorar a casa.
Todos concordaram, e foi assim que começaram as aventuras. Era o tipo da casa que parece não ter fim, cheia de lugares surpreendentes. As primeiras portas que entreabriram davam para quartos desabitados, como aliás já esperavam. Mas não demoraram a encontrar um salão cheio de quadros, onde também acharam uma coleção de armaduras. Havia a seguir uma sala forrada de verde, com uma harpa encostada a um canto. Depois de terem descido três degraus e subido cinco, chegaram a um pequeno saguão com uma porta, que dava para uma varanda, e ainda para uma série de salas, todas cobertas de livros de alto a baixo. Os livros eram quase todos muito antigos e enormes.
Pouco depois, espiavam uma sala onde só existia um imenso guarda-roupa, daqueles que têm um espelho na porta. Nada mais na sala, a não ser uma mosca morta no peitoril da janela.
– Aqui não tem nada! – disse Pedro, e saíram todos da sala.
Todos menos Lúcia. Para ela, valia a pena tentar abrir a porta do guarda-roupa, mesmo tendo quase certeza de que estava fechada à chave. Ficou assim muito admirada ao ver que se abriu facilmente, deixando cair duas bolinhas de naftalina.
Lá dentro viu dependurados compridos casacos de peles. Lúcia gostava muito do cheiro e do contato das peles. Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Não fechou a porta, naturalmente: sabia muito bem que seria uma tolice fechar-se dentro de um guarda-roupa. Foi avançando cada vez mais e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurada atrás da primeira. Ali já estava meio escuro, e ela estendia os braços, para não bater com a cara no fundo do móvel. Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava.
“Deve ser um guarda-roupa colossal!”, pensou Lúcia, avançando ainda mais. De repente notou que estava pisando qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés. Seriam outras bolinhas de naftalina? Abaixou-se para examinar com as mãos. Em vez de achar o fundo liso e duro do guarda-roupa, encontrou uma coisa macia e fria, que se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos.
O que agora lhe roçava o rosto e as mãos não eram mais as peles macias, mas algo duro, áspero e que espetava.
– Ora essa! Parecem ramos de árvores!
Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois, percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto outros flocos tombavam do ar.
Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda-roupa e também distinguiu a sala vazia de onde havia saído. Naturalmente, deixara a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez uma pessoa fechar-se num guarda-roupa. Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia.
– Se alguma coisa não correr bem, posso perfeitamente voltar.
E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante.
Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião. O que estaria fazendo um lampião no meio de um bosque? Lúcia pensava no que deveria fazer, quando ouviu uns pulinhos ligeiros e leves que vinham na sua direção. De repente, à luz do lampião, surgiu um tipo muito estranho.
Era um pouquinho mais alto do que Lúcia e levava uma sombrinha branca. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pêlos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha cascos de bode. Tinha também cauda, mas a princípio Lúcia não notou, pois aquela descansava elegantemente sobre o braço que segurava a sombrinha, para não se arrastar pela neve.
Trazia um cachecol vermelho de lã enrolado no pescoço. Sua pele também era meio avermelhada. A cara era estranha, mas simpática, com uma barbicha pontuda e cabelos frisados, de onde lhe saíam dois chifres, um de cada lado da testa. Na outra mão carregava vários embrulhos de papel pardo. Com todos aqueles pacotes e coberto de neve, parecia que acabava de fazer suas compras de Natal.
Era um fauno. Quando viu Lúcia, ficou tão espantado que deixou cair os embrulhos.
– Ora bolas! – exclamou o fauno.





Interpretação de texto
1)    Responda:
a)    Quem são os personagens principais da história?
b)    Os personagens são parentes? Explique.
c)    Onde os personagens moravam no começo da história?
d)    Por que eles precisaram sair da cidade onde moravam?
e)    Em que lugar as crianças passam a morar?
f)     Quem era o dono da casa? Descreva-o.
g)    Que outras pessoas viviam na casa?
h)   Como era a casa? Descreva-a.
i)     Se o dia estivesse ensolarado, onde as crianças poderiam brincar?
j)      Se o dia estivesse chuvoso, que tipo de coisas as crianças poderiam fazer para se divertir?
k)    Como o 1º dia deles na casa era um dia chuvoso, as crianças decidiram seguir a idéia de Pedro. Que idéia foi essa?
l)     Lúcia decide abrir e conhecer o interior de que objeto?
m)  Quem se espantou ao ver Lúcia? O que ele deixou cair?

Gramática
1)    Classifique as palavras sublinhadas em:
Substantivo – adjetivo – artigo – preposição – conjunção – pronome – verbo – advérbio – numeral

a)    Era uma vez duas meninas e dois meninos: Susana, Lúcia, Pedro e Edmundo. Esta história nos conta algo que lhes aconteceu durante a guerra, quando tiveram de sair de Londres, por causa dos ataques aéreos. Foram os quatro levados para a casa de um velho professor, em pleno campo, a quinze quilômetros de distância da estrada de ferro e a mais de três quilômetros da agência de correios mais próxima.
b)    O professor era um velho de cabelo desgrenhado e branco, que lhe encobria a maior parte do rosto, além da cabeça.
c)    As crianças gostaram dele quase imediatamente. Mas, na primeira noite, quando ele veio recebê-las, na porta principal, tinha uma aparência tão estranha, que Lúcia, a mais novinha, teve medo dele, e Edmundo (que era o segundo mais novo) quase começou a rir e, para disfarçar, teve de fingir que estava assoando o nariz.
d)    – Acabem com isso! – falou Edmundo, com muito sono, mas fingindo que não, o que o tornava sempre mal-humorado. – Não fiquem falando desse jeito!
2)    Identifique o sujeito e o núcleo do sujeito. Depois, classifique o sujeito em: Sujeito Simples – Suj. Composto – Suj. Oculto – Suj. Indeterminado – Oração Sem Sujeito.
a)                  “O professor era solteiro e morava numa casa muito grande (...)”.
b)                  “(...) quando amanheceu, caía uma chuva enjoada (...)”.
c)                  “_Vou é explorar a casa”.
d)                  “E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante”.
e)                  Pedro, Edmundo, Lúcia e Susana tiveram de sair de Londres por causa da guerra.

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