segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dicas de português - 9

A VÍRGULA
Saída das profundezas do inferno, hoje, com vocês, a maldita: a vírgula.
Sem dúvida, o uso da vírgula é uma das nossas maiores desgraças. Pontuação é coisa séria. Um erro de pontuação é muito pior que um acento indicativo da crase mal usado, que uma preposição esquecida ou um hífen usado indevidamente.
Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a importância da vírgula no exemplo abaixo:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um coordenador.”
Sem vírgula, entendemos que os técnicos foram à reunião com mais duas pessoas: a secretária do diretor e um coordenador.
Se usarmos uma vírgula, mudaremos o sentido da frase:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária, do diretor e de um coordenador.”
Agora, os técnicos foram à reunião com três pessoas: a secretária (que não deve ser a do diretor), o diretor e um coordenador. A presença do diretor na reunião é uma novidade. Vejam como a vírgula é poderosa: é capaz de fazer o diretor ir à reunião.
Muitos me perguntam: a vírgula, afinal, é ou não uma pausa?
Todos nós, quando fomos alfabetizados, aprendemos que a vírgula é uma pausa e que sua presença significa que devemos “dar uma paradinha” (para respirar, para tomar fôlego).
Até aqui, tudo bem. Espertinho é o adulto que deu outra interpretação: “eu só ponho vírgula quando respiro”.
Ora, se isso fosse verdade, seria uma desgraça. Imagine o cara que sofre de dispneia: seria uma vírgula atrás de outra. Ou, então, um mergulhador, com um fôlego extraordinário. Bem, nesse caso, seriam dez linhas sem uma vírgula sequer.
Estou exagerando, eu sei. Mas vamos aos fatos. Já deve ter acontecido com você. Veja se não é verdade. Você começa a escrever. Se chegar ao fim da segunda linha, ao início da terceira e, até ali, não aparecer nenhuma vírgula, cria-se uma angústia interior, uma coceira irresistível na mão, que você não resiste. Joga umas duas vírgulas para cima e que Deus ajude.
Bem, apesar das brincadeiras, a vírgula merece muito respeito. Ao estudarmos o uso da vírgula, o mais difícil está no fato de a maioria das regras não ser rígida. Não é um simples caso de certo ou errado: aqui a vírgula é proibida, ali é obrigatória.
Em muitos casos, o professor é obrigado a responder: “depende do sentido” ou “é facultativo” ou “pode usar, mas não é obrigatório” ou “depende do estilo” ou outras respostas que geralmente deixam o aluno insatisfeito, inseguro ou até irritado. É muito difícil ensinar o “depende”.
Vejamos alguns casos.
Todo aposto explicativo deve ficar entre vírgulas:
“O prefeito de Campos, Asdrúbal da Silva, rejeitou o projeto.”
Não esqueça que as vírgulas são obrigatórias sempre que o cargo for exclusivo.
As vírgulas não devem ser usadas se o cargo pode ser ocupado por mais de uma pessoa:
“O professor Asdrúbal da Silva rejeitou a minha idéia.”
Guarde a “dica”:
a)    Entre vírgulas: cargo exclusivo de uma pessoa;
b)    Sem vírgulas: cargo que pode ser ocupado por várias pessoas.
Observe os exemplos:
“O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou…”
“O atual técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, disse…
“O síndico do edifício assaltado, o aposentado Jarbas de Sousa, afirmou…”
“O governador Sérgio Cabral declarou…
“O ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana disse…”
“O general da reserva Astolfo Antunes afirmou…”
DÚVIDA DO LEITOR
Em “Os empregados desta empresa QUE SE DEDICARAM MUITO AO TRABALHO deverão receber um abono salarial”, a oração em destaque deve ou não ficar entre vírgulas?
Se a ideia for restritiva ( = só aqueles que se dedicaram muito ao trabalho deverão receber um abono salarial), não devemos usar as vírgulas.
Se a ideia for explicativa ( = todos os empregados se dedicaram ao trabalho, por isso deverão receber um abono salarial), as vírgulas são obrigatórias.
Portanto:
a)    ”Os empregados desta empresa que se dedicaram muito ao trabalho
deverão receber um abono salarial.”  (oração subordinada adjetiva restritiva = somente os empregados que se dedicaram muito ao trabalho receberão um abono salarial);
b)    ”Os empregados desta empresa, que se dedicaram muito ao trabalho,
deverão receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva explicativa = todos os empregados se dedicaram ao trabalho e receberão um abono salarial).

Dicas de português - 8

1ª) AUTO ou ALTO?
1) ALTO é o contrário de BAIXO. Pode ser adjetivo ou advérbio. Observe os exemplos:
“Ele é um homem alto.” (x homem baixo – adjetivo);
“O som estava muito alto.” (x som baixo – adjetivo);
“Gostei do alto-relevo.” (= relevo alto - adjetivo);
“Desligou os altos-fornos.” (adjetivo);
“O diretor sempre falava alto.” (x falava baixo – advérbio);
“Comprei quatro alto-falantes.” (advérbio).
2o)  AUTO é um prefixo de origem grega que significa “a si próprio, a si mesmo”. Tem uma ideia reflexiva. O automóvel foi assim chamado porque “movia a si próprio” ( = dispensava a tração animal). Autocontrole é ter o controle de si mesmo. Autodidata é o que aprende sozinho, ensina para si mesmo.
Portanto, é impossível “você fazer a autobiografia do seu melhor amigo”. E é redundante “você fazer a autobiografia de si mesmo”. Ou você faz a sua autobiografia ou você faz a biografia do seu melhor amigo.
2ª) Horas ou H ou HS ou h ou hs?
São tantos leitores perguntando, que resolvi voltar ao assunto.
1o) Horas deve ser abreviado com letra minúscula ( = “h”): “A reunião será às 3h.” O “H” (maiúsculo) é o símbolo do hidrogênio.
2o) Não faz plural: “A reunião será às 3h”, e não “…às 3 hs“.
3o) Devemos escrever horas por extenso quando nos referimos à duração: “Eles estiveram reunidos durante três horas”.
4o) Não há a necessidade dos “00″ para indicar os minutos. Não precisamos usar “3:00h“. Se houver minutos, podemos abreviar com “min”: “A reunião será às 3h30min”. Para mim, bastaria 3h30.
Observe a diferença:
“A reunião vai das 8h às 10h.” (A reunião começará às 8h e terminará às 10h);
“A reunião vai de oito a dez horas.” (A duração da reunião será aproximadamente entre oito e dez horas).
Vejamos agora um exemplo curioso enviado por um leitor:
“Este evento ocorrerá às 19 e 20 horas.”
Parece haver dois horários possíveis para o evento: às 19h e às 20h. A verdadeira informação era: “Este evento ocorrerá às 19h20min.”
3ª) VERBOS PRONOMINAIS
Leitora faz um alerta: “É iminente a extinção dos verbos pronominais”. Observe a lista de exemplos. Você já deve estar tão acostumado a ouvir, que talvez nem sinta falta do pronome:
“Como você chama?” (Como você se chama?)
“O autor chama José de Alencar.” (O autor se chama José de Alencar.)
“Eu formei em engenharia.” (Eu me formei em engenharia.)
“Eu machuquei.” (Eu me machuquei.)
“Eu gripei.” (Eu me gripei.)
“O jogador está aquecendo.” (O jogador está se aquecendo.)
“O Brasil classificou.” (O Brasil se classificou.)
Por outro lado, também ocorre o uso desnecessário do pronome. Durante as transmissões dos jogos da Copa, tivemos o dissabor de ouvir um dos nossos locutores afirmar: “O atacanteescorregou-se“.
Isso, provavelmente, foi para ser bem claro: o atacante não foi empurrado; ele caiu sozinho. É preciso buscar a “lógica” do raciocínio. Portanto, se o atacante escorregar de novo, “ele se escorregou-se“.
Estou brincando, é claro. Basta: “O atacante escorregou”.
4ª) Referia-se à ou a Vossa Excelência?
Todos nós aprendemos na escola que não ocorre crase antes de pronomes de tratamento. O certo é: “Referia-se a Vossa Excelência”.
Por quê?
Porque não há artigo definido “a” antes dos pronomes de tratamento femininos que podem ser usados para substituir tanto mulheres quanto homens: Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa Alteza, você…
Caso o pronome de tratamento seja feminino e sirva só para substituir mulheres, pode ocorrer a crase:
“Referia-se à senhora (=ao senhor);
à doutora (=ao doutor);
à Ilustríssima… (=ao Ilustríssimo…);
à Meritíssima… (=ao Meritíssimo…);
à senhorita, à madame …
5ª) “À ou A realizar-se no dia 8 de dezembro…”?
Para que o seu convite de casamento não apresente erros gramaticais que possam provocar risinhos de algum convidado mais exigente, escreva:
“A realizar-se no dia 8 de dezembro…”
Parabéns pelo seu casamento, e não esqueça: antes de verbo é impossível ocorrer crase, porque jamais haverá artigo definido “a” antes de verbo.

Dicas de português - 10

1a) ABAIXO-ASSINADO  ou  ABAIXO ASSINADO ?
a)    ABAIXO-ASSINADO, com hífen, é o documento assinado por muitas pessoas que reivindicam alguma coisa. Seu plural é abaixo-assinados.
“Os alunos entregaram o abaixo-assinado ao diretor da escola.”
b)    ABAIXO ASSINADO, sem hífen, indica a pessoa que assina o documento.
“Sérgio Nogueira, abaixo assinado, vem solicitar a Vossa Senhoria que autorize…”

2a) Eu ABULO  ou  eu ABOLO ?
É a famosa dúvida do nada com coisa alguma. ABOLIR é verbo defectivo. Só pode ser conjugado nas formas em que, após o radical, aparecem as letras “e” ou “i”.
Observações:
a)    No presente do indicativo: eu (não existe), tu aboles, ele abole, nós
abolimos, vós abolis, eles abolem;
b)    No presente do subjuntivo: não existe forma alguma;
Existem outros verbos que apresentam um problema semelhante ao do ABOLIR: colorir, demolir, explodir, extorquir, latir…
Portanto, se você quisesse dizer que “é necessário que se demula ou demola a parede”, a solução é buscar um verbo sinônimo: “É necessário que se DESTRUA (ou DERRUBE) a parede”.
É interessante observar também que não existem as formas: eu demulo, eu explodo, eu extorco, eu coloro, eu lato. A solução é um verbo sinônimo ou uma locução verbal : estou demolindo, estou explodindo, estou extorquindo, estou colorindo, estou latindo…

3a) ACIDENTE  ou  INCIDENTE ?
a) ACIDENTE: acontecimento imprevisto, desastre.
“Acidente entre dois trens provoca morte de cem pessoas.”
“Acidente na hidrelétrica provoca blecaute em São Paulo.”
b) INCIDENTE: circunstância, casual, episódio, atrito.
“Incidente entre parlamentares paralisa votação.”

4a) A CORES  ou  EM CORES ?
Como os antigos aparelhos de TV eram “em preto e branco”, prefiro EM CORES. É bom lembrar que os filmes sempre foram “em cores”.

5a) Acostumado  A  ou  COM ?
Tanto faz.
“Ele já está acostumado AO calor (ou COM o calor).”

6ª) Concordância com PERCENTAGENS
“Em Recife, 26% da população TROCA  ou  TROCAM a escova de dentes por métodos pouco convencionais.”
Para a maioria dos autores, é um caso facultativo:
a)    O verbo pode concordar com a percentagem plural: “26% …
TROCAM…”;
b)    O verbo pode concordar com o especificador (população) no
singular: “26% da população TROCA…”
Não é um caso de certo ou errado. É uma questão de padronização. Nós preferimos a concordância com o especificador, principalmente quando o verbo é de ligação ou está na voz passiva: “26% da população ESTÁ DESABRIGADA”.

7ª) Emití-la  ou  emiti-la? Serví-lo  ou  servi-lo?
O certo é EMITI-LA e SERVI-LO (sem acento agudo).
As palavras oxítonas terminadas em “i” não recebem acento agudo: abacaxi, Parati, aqui, caqui, tupi, guarani, adquiri-la, dividi-lo, emiti-la, servi-lo…
As palavras oxítonas terminadas em “i” só recebem acento agudo se houver hiato com a vogal anterior: Icaraí, caí, saí, açaí, Piauí, Chuí, destruí-la, construí-lo, distribuí-los…

8ª) BASTANTE ou BASTANTES?
a)    BASTANTE (=muito ou suficientemente) é advérbio de intensidade. É uma forma invariável (=não vai para o plural):
“Os empregados se esforçaram BASTANTE.” (=muito ou suficientemente)
“Eles são BASTANTE esforçados.” (=muito)
“Os espectadores saíram BASTANTE satisfeitos.” (=muito)
b)    BASTANTES (no plural) só é possível se estiver junto a um substantivo plural.
Pode ser pronome adjetivo indefinido (=muitos):
“Os alunos estão com BASTANTES problemas para resolver.”
Considero essa forma horrorosa. Sugiro que não seja usada. Prefira: “…MUITOS problemas…”;
Pode ser adjetivo (=suficientes):
“Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu.” (=suficientes)
“Fulano de Tal constitui como seus BASTANTES procuradores…”

Dicas de português - 7

1ª) JUNTO ou JUNTOS?
A palavra JUNTO só apresenta flexão (feminino ou plural)
quando é adjetivo. Observe alguns exemplos:
“As duas velhinhas moram JUNTAS.”
“Os livros estão JUNTOS na estante da esquerda.”
As locuções prepositivas JUNTO A e JUNTO DE (=perto de, ao
lado de) são invariáveis.
“A sala de reuniões fica JUNTO AO ambulatório.”
“Os livros estão JUNTO DA estante da esquerda.”
Observação:
Sou contra o uso da palavra JUNTO fora do seu real significado (=colado, unido, ao lado):
“Contraiu um empréstimo junto ao Banco do Brasil”. Só se foi no
vizinho! Na verdade, ele contraiu o empréstimo NO Banco do Brasil.
“Só resolverá o problema junto à diretoria da empresa”. Deve
ser no banheiro que fica ao lado!! Devemos resolver o problema COM a diretoria da empresa.
“Palmeiras contratou o zagueiro junto ao Flamengo”. Agora fiquei em dúvida. Terá sido no posto de gasolina Mengão, no Ciep que fica próximo ou no Hospital Miguel Couto? É brincadeirinha. Bastaria dizer que o Palmeiras contratou o zagueiro do (ou “ao”) Flamengo.

2ª) ESTE ou ESSE?
1o) Quando nos referimos ao “tempo presente”, devemos usar ESTE:
“NESTE momento, está chovendo no Rio de Janeiro.” (=agora)
“Ele deve entregar o proposta NESTA semana.” (=na semana em que estamos)
“Não haverá futebol NESTE domingo.” (=hoje)
“O pagamento deverá ser feito NESTE mês.” (=mês em que estamos)
2o) Quando nos referimos a algo citado anteriormente, devemos usar ESSE:
“Tudo ia bem até a 25a volta, NESSE momento houve um grande acidente.”
“Ele pouco se dedicava ao projeto, por ISSO foi dispensado.”
Observe alguns exemplos inadequados:
“Pelé chega de Nova Iorque NESSA semana.” (= Não se falou anteriormente de outra semana. Só pode ser NESTA semana);
“Com os nervos à flor da pele desde o início DESSA semana, os operadores mostravam-se exaustos ontem.” (= Se os operadores estavam exaustos “no dia anterior”, é porque o autor referia-se ao início DESTA semana);
“Mas, o que se diz no Palácio do Planalto é que, NESSE momento, lavar a roupa suja em público só ajuda mesmo a uma pessoa.” (= O autor referia-se ao momento atual. Deveria ter usado: “NESTE momento”);
“Depois DESTA pobre e pequena diversão.” (O autor referia-se ao que acabara de dizer. Deveria ter dito: “Depois DESSA pobre e pequena diversão”).

3ª) Camisas ROSAS ou ROSA?
O certo é: CAMISAS ROSA
Um substantivo, no papel de adjetivo, torna-se invariável (=não se flexiona em gênero e número).
ROSA é o nome (=substantivo) de uma flor. Se nós usarmos como cor (=adjetivo), torna-se invariável:
Blusão (=masculino) ROSA (feminino);
Camisas (=plural) ROSA (singular).
Observe que a palavra ROSA, quando usada como cor (=no papel de adjetivo), é sempre ROSA (=sem masculino nem plural).
Vejamos outros exemplos:
Camisas LARANJA, casacos VINHO, blusas CREME, sapatos AREIA, calças CINZA, GELO, TIJOLO, ABACATE, LIMÃO…

4a) Por que AJUDÁ-LO, RECEBÊ-LO e DIVIDI-LO?
Leitora quer saber o porquê dos acentos.
Em português, as palavras oxítonas só recebem acento gráfico se terminarem em “o”, “e”, “a”: compô-la, propô-lo, recebê-lo, vendê-la, ajudá-lo, procurá-la…
As oxítonas terminadas em “i” e “u” não recebem acento gráfico: dividi-lo, adquiri-la, servi-los…
É importante lembrar que deveremos usar o acento agudo, caso as vogais “i” e “u” formem hiato com a vogal anterior: destruí-lo, contruí-la, distribuí-los, atraí-las, possuí-lo…

5a) RÉIS ou REAIS?
É possível que muitos brasileiros não saibam que não é a primeira vez que a nossa moeda se chama REAL.
Na vez anterior, o plural do REAL era RÉIS.
Entretanto, o plural da nossa moeda atual é REAIS.
Devemos, portanto, dizer: um REAL, mas dez REAIS.

Dicas de português - 6

1ª) INTERVIU ou INTERVEIO?
Estava escrito numa campanha publicitária: “…os proprietários invadiram a Companhia, expulsaram os jesuítas e tentaram organizar um governo local. O Governo INTERVIU. A Companhia acabou…”
O leitor tem razão. Está errado. O verbo INTERVIR é derivado de VIR. Se ele VEIO, ele INTERVEIO.
A forma verbal interviu não existe.
Vamos recordar a regrinha:
Os verbos derivados de VER (=rever, prever, antever…) seguem o verbo VER:
Eu vejo > eu revejo, prevejo, antevejo;
Eu vi > eu revi, previ, antevi;
Ele viu > ele reviu, previu, anteviu;
Se eu visse > se eu revisse, previsse, antevisse;
Quando eu vir > quando eu revir, previr, antevir;
Os verbos derivados de VIR (=intervir, provir…) seguem o verbo VIR:
Eu venho > eu intervenho, provenho;
Eu vim > eu intervim, provim;
Ele veio > ele INTERVEIO, proveio;
Se eu viesse > se eu interviesse, proviesse;
Quando eu vier > quando eu intervier, provier.

2ª) RÁPIDO ou RÁPIDA?
Leitor quer saber se a frase “A bola tem que chegar rápida ao ataque” está certa.
Não é a bola que é rápida. RAPIDAMENTE é o modo como a bola deve chegar ao ataque. Trata-se, portanto, de um advérbio de modo. Não devemos esquecer que os advérbios são invariáveis (=não se flexionam).
Isso tudo significa que a concordância está errada. Devemos dizer que “a bola deve chegar RÁPIDO ao ataque”. Melhor ainda: “a bola deve chegar RAPIDAMENTE ao ataque”.

3ª) IRIAM IR ou IRIAM?
Estava escrito num bom jornal: “Inicialmente, os dois programas iriam ir ao ar depois da novela das oito”.
Leitor achou a frase muito estranha. Eu também. Bastaria dizer que “os dois programas IRIAM ao ar depois da novela das oito”.
Esse caso me fez lembrar a mania que alguns têm em usar “eu vou ir”.
Pior ainda é caso do “eu vou vim”. Aí, é dose! Ou você vai ou você vem. Na verdade ele queria dizer “eu vou vir”. Não sei por que complicar. É muito mais simples dizer: eu IREI e eu VIREI.

4a) COMEÇEI ou COMECEI?
Leitora apaixonada pela Língua Portuguesa demonstra toda a sua indignação por causa de umcomeçei (com cedilha) que ela encontrou num texto jornalístico.
Concordo inteiramente com a nossa leitora: é um absurdo! Na lingual portugesa, não existe palavra alguma em que o “ç” apareça antes das vogais “i” e “e”. A função da cedilha é manter o som da letra “c” diante das vogais “a”, “o” e “u”: COMEÇAR, AÇAÍ, PALHAÇO, ALMOÇO, IGUAÇU, AÇÚCAR…
Observe algumas curiosidades:
ALCANÇAR, mas o ALCANCE, que nós ALCANCEMOS…
ESBOÇAR, ESBOÇO, mas que você ESBOCE…
COMEÇAR, COMEÇO, mas que eu COMECE, eu COMECEI…

5a) ESQUECER ou ESQUECER-SE?
As duas formas são corretas. Devemos ter cuidado com a regência:
Quem ESQUECE esquece “alguma coisa”, mas quem SE ESQUECE se esquece “DE alguma coisa”. ESQUECER é transitivo direto; ESQUECER-SE é transitivo indireto.
Nós temos, portanto, duas opções:
“Eu esqueci a caneta” ou
“Eu me esqueci da caneta”.
Observe outro exemplo:
“Não esqueçam que a festa será no próximo dia 25″ ou
“Não se esqueçam de que a festa será no próximo dia 25″.


6a) AVISOU QUE ou AVISOU DE QUE?
A frase que gerou a dúvida é: “O professor avisou aos alunos de que já era tarde”.
O verbo AVISAR é transitivo direto e indireto. Há duas opções:
1a) AVISAR alguma coisa a alguém:
“O professor avisou AOS alunos QUE já era tarde.” Ou
2a) AVISAR alguém DE alguma coisa:
“O professor avisou OS alunos DE QUE já era tarde.”
O problema da frase é que havia dois objetos indiretos: “O professor avisou AOS alunos (=objeto indireto) DE QUE já era tarde (=outro objeto indireto). Ou você tira a preposição “a”: “…avisou OS alunos (=objeto direto) DE QUE já era tarde (=objeto indireto)”; ou você tira a preposição “de”: “…avisou AOS alunos (=objeto indireto) QUE já era tarde (=objeto direto)”.

Dicas de português - 5

1a) ENFEIANDO ou ENFEANDO?
Leitor nosso está em dúvida quanto ao uso do verbo “enfeiar”. Quer saber se a frase a seguir está correta: “Mas também está enfeiando a cidade e derrubando a imagem de administrador-arquiteto que nosso prefeito queria manter”.
Nosso leitor tem razão. Mas, cá entre nós, é um típico erro que muita gente boa não deve ter percebdo.
Para quem não sabe, o verbo é ENFEAR (=ficar feio). E aqui está o problema: se você fica FEIO, é porque está enfeiando. Errou duas vezes: nem ENFEIAR nem ENFEIANDO. O correto é ENFEAR e ENFEANDO.
O caso é o seguinte: o ditongo “ei” só ocorre quando a sílaba tônica cai sobre a vogal “e”: FEIo, iDEIa, reCEIo, pasSEIo, reCREIo, FREIo, CoREIa…
Entretanto, não há o ditongo “ei” quando a sílaba tônica muda de posição: enfeAR, enfeANdo, ideAL, ideoloGIa, receOso, passeANdo, freAda, coreAno…

2a) Verbos terminados em -EAR
Todos os verbos terminados em “-ear” (passear, saborear, cear, recrear, frear, enfear…) fazem um ditongo “ei” nas formas rizotônicas (=sílaba tônica na raiz do verbo).
As formas rizotônicas são: 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular e a 3ª pessoa do plural dos tempos do presente:
a)    presente do indicativo:
eu passeio, tu passeias, ele passeia, eles passeiam;
eu freio, tu freias, ele freia, eles freiam;
eu enfeio, tu enfeias, ele enfeia, eles enfeiam;
b)    presente do subjuntivo:
que eu passeie, tu passeies, ele passeie, eles passeiem;
que eu freie, tu freies, ele freie, eles freiem;
que eu enfeie, tu enfeies, ele enfeie, eles enfeiem.
Observações:
1a) As 1a e 2a pessoas do plural não fazem ditongo:
nós passeamos, vós passeais, que nós passeemos;
nós freamos, vós freais, que nós freemos;
nós enfeamos, vós enfeais, que nós enfeemos;
2a) Nos tempos do pretérito e do futuro, jamais ocorre o ditongo:
eu passeei, ele passeou, eles passearam, eu passeava, ele
passeará, eles passeariam, passeando…

3a) ARREIA ou ARRIA?
As duas formas são corretas.
1a) Ele ARREIA é do verbo ARREAR (=pôr os arreios):
“Ele ARREIA o cavalo”;
2a) Ele ARRIA é do verbo ARRIAR (=abaixar):
“Ele ARRIA a cortina”.

4a) VISA ATENDER ou VISA A ATENDER?
Quanto à frase “…visa atender aos desejos dos alunos”, leitor quer saber se o certo não seria: “…visa a atender…”
Segundo a regência tradicional,o verbo VISAR, no sentido de “almejar, desejar, aspirar”, era transitivo indireto: “Sua campanha visava AO governo do estado”. Hoje em dia, porém, a maioria dos estudiosos considera caso de regência facultativa: transitive direto ou indireto.
Portanto, se seguirmos rigorosamente a regência clássica, devemos usar a preposição “a”: “…visa A atender aos desejos dos alunos”.
É importante, porém, observar que, atualmente, é perfeitamente aceitável a omissão da preposição quando se trata de locução verbal. Portanto, “visa atender” não é considerado um erro.
O mesmo ocorre em :
“Preciso de comprar…” ou “Preciso comprar…”

5a) VER ou VIR?
Leitor quer saber se a frase “Se você o ver, peça a ele que me ligue” está correta.
Nessa frase, o verbo VER deveria estar no futuro do subjuntivo. O certo é: “Se você o VIR…”
O futuro do subjuntivo do verbo VER é:
Quando ou se eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.

6ª) Qual é a forma correta?
a) os óculos escuros  ou  o óculos escuro ?
b) nada a ver  ou  nada haver ?
c) a maestro  ou  a maestrina ?
d) escrevi em baixo  ou  escrevi embaixo ?
e) ata por mim assinada  ou  ata pôr mim assinada ?

O certo é:
a)    os óculos escuros;
b)    nada a ver;
c)    a maestrina;
d)    escrevi embaixo;
e)    ata por mim assinada.