segunda-feira, 9 de maio de 2011

Distúrbios de comportamento

Distúrbios de comportamento


DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO

Por que nossa educação é tão embrutecedora e cega, se nossas crianças são tão ricas?
Por que a humanidade teme tanto a espontaneidade, se a atitude espontânea conduz tão rapidamente ao crescimento responsável? Por que nos falta confiança no futuro, se forças sociais intensas e construtivas podem ser liberadas no indivíduo através da aceitação de alguns poucos princípios básicos?
(Carl R. Rogers)
Características básicas
Muitos psicólogos classificam os distúrbios de comportamento em duas categorias principais: problemas de conduta e problemas de personalidade.
Os problemas de conduta relacionam-se a comportamentos que perturbam totalmente as outras pessoas e podem ser dirigidos contra elas, visto que são hostis, agressivos, destrutivos, às vezes envolvendo delinqüência e psicopatologia.
Os problemas de personalidade são de caráter neurótico e podem ser chamados de “comportamento esquivo”, isto é, a criança tem medo dos outros, sentem-se ansiosa, evita situações que possam expô-la à crítica, ao ridículo ou à rejeição. Pode manifestar um certo grau de hostilidade, mas a menos que esteja submetida a um grau incomum de tensão, refreia essa hostilidade ou dirige-a contra si própria, sob forma de culpa ou autocrítica.
Uma das razões pela qual é difícil compreender os distúrbios de comportamento é que eles servem como fuga ou defesa contra a ansiedade. Há vários tipos diferentes de manobras que as pessoas usam, inconscientemente, como meios de lidar com a ansiedade ou tensão. Elas são chamadas “mecanismos mentais”, “mecanismos de defesa” ou mecanismos de fuga”. Estes mecanismos têm em comum o seguinte: são padrões de comportamento aprendidos com o objetivo de reduzir ou eliminar a ansiedade, ao invés de resolver os problemas que constituem a causa básica da mesma.


Fatores dos distúrbios


Os distúrbios de comportamento freqüentemente são criados ou agravados por conflitos, dos quais o mais comum é o do aluno proveniente de um lar em que os valores e os padrões aceitáveis de comportamento estão em contraste direto com os da escola.
A incidência de problemas de comportamento é maior entre os meninos do que entre as meninas. O ajustamento torna-se bastante complexo e difícil para os meninos, uma vez que a escola é identificada com padrões “femininos” de conformismo e submissão.
Os sentimentos de fracasso e desânimo que muitos estudantes desenvolvem como resultado de experiências escolares malsucedidas são a causa agravante de problemas de comportamento mais sérios.

Autismo infantil

Caracteriza-se por uma interiorização intensa e por um pensamento desligado do real. A incapacidade de se relacionar normalmente com pessoas e situações pode aparecer desde os primeiros tempos de vida e constitui o principal sintoma dessa pertubação que faz a criança viver num mundo todo particular.
Além do recuo nas relações interpessoais, as crianças autistas apresentam uma preocupação intensa com objetos materiais e diversas anormalidades de linguagem e de movimentos físicos. É freqüente elas serem diagnosticadas erroneamente como casos de retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras síndromes.

Características da criança autista:
- Solidão em grau estremo;
- Fascinação por objetos, em contraste com o desinteresse por pessoas;
- Ausência de sorriso social;
- Não desenvolve linguagem apropriada;
- Preocupação e afeição com certo número de objetos inanimados;
- Arruma seus brinquedos sempre da mesma forma;
- Não liga para barulhos à sua volta;
- Demonstra pouca sensibilidade sensorial, falta de consciência de sua identidade e agressão autodirigida;
- Possui excelente memória;
- Permanece muda ou fala mais não usa a linguagem como meio de comunicação;
- É inteligente e bonita de aparência;
- Não mantêm contato visual com as pessoas;
- Demonstra ansiedade com freqüente, aguda, excessiva e aparentemente ilógica;
- Possui hiperatividade e movimentos repetitivos;
- É retraída, apática e desinteressada;
- Demonstra incapacidade para julgar.

Quanto mais cedo se identificar o autismo, mais eficaz será o tratamento e, em alguns casos, a sua relativa recuperação. O mais indicado é a psicoterapia prolongada, que em certos casos deve estender-se também aos pais.


São catorze os sintomas característicos e a presença de sete já é o bastante para definir o autista:
- Não se mistura com outras crianças;
- Age como se fosse surdo;
- Resiste ao aprendizado;
- Não demonstra medo de perigos reais;
- Resiste a mudanças de rotina;
- Usa pessoas como ferramentas;
- Risos e movimentos não apropriados;
- Resiste ao contato físico;
- Acentuada hiperatividade física;
- Não mantém contato visual;
- Apego não apropriado a objetos;
- Gira objetos de maneira bizarra e peculiar;
- Às vezes é agressivo e destrutivo;
- Modo e comportamento indiferente e arredio.

Agressividade


O comportamento agressivo é fruto de aprendizagem e a educação dada pelos pais desempenha um papel relevante na formação de uma personalidade mais ou menos agressiva.
A agressão é uma resposta instrumental que resulta em ganhos positivos por parte do agressor, e, quando isso não ocorre, provoca a frustação, que por sua vez pode resultar num aumento de agressividade.


Os indivíduos superagressivos e anti-sociais são oriundos, conforme investigações que têm sido feitas, de ambientes onde há:· Rejeição dos pais ou parentes;
· Excessiva tolerância da agressividade;
· Falta de supervisão dos pais ou responsáveis;
· Desvios sociais dos pais e parentes;
· Discórdias em família;
· Tratamento incoerente;
· Uso de punições físicas dolorosas;
· Ameaças de punição física.

O estudo da agressividade em crianças revela que o convívio social e os fatores instigadores de agressão no lar contribuem decisivamente para o desenvolvimento da superagressividade na criança.
No ambiente escolar, o comportamento agressivo revela-se nas mais diferentes situações e ocasiões. A criança muitas vezes é chamada de “briguenta”, ficando rotulada e sem ter quem procure ajudá-la ou orientá-la no sentido de vencer o impulso agressivo.

Medo

O medo representa uma das emoções normais da vida humana. É um estado emocional de alerta, que se caracteriza por sensação de desconforto e ansiedade ante um perigo iminente.
Basicamente, o medo é causado por dois fatores: falta de segurança e falta de amor e proteção. No entanto, existem outros fatores coadjuvantes, que merecem ser lembrados:
· Experiências prévias que provocaram medo;
· Atitude medrosa dos pais e adultos em diversas situações;
· Ameaças dos adultos quando contam histórias reais ou de fadas;
· Moléstias crônicas que prendem a criança na cama por longo tempo;
· Imaturidade da criança cujos pais são superprotetores e excessivamente ansiosos.

Nos primeiros dias de aula, é natural a criança recear a situação nova, a própria escola, os colegas, pessoas estranhas, o professor. Cabe a este mostrar-se atento, disponível e confiante.

Fobia escolar
Não se deve confundir a fobia escolar com o temor natural dos primeiros dias de aula, sobretudo na pré-escola. Se os sintomas persistirem por várias semanas, deve-se suspeitar de fobia escolar.
O comportamento de uma criança fóbica é geralmente resultado de uma mãe superprotetora, que com seu comportamento encoraja e filho a ficar em casa, inventando desculpas por doenças imaginárias etc. Outro caso é o do aluno condicionado a não gostar da escola por experiências infelizes; muitas vezes a criança pode ficar traumatizada por ser chamada de estúpida, burra, etc.


Ciúme

O ciúme é uma emoção que traz em si um potencial imprevisível de reações, quer seja experimentada pelo adulto, pelo adolescente ou pela criança. Embora não esteja diretamente ligado à vida escolar, é importante que o professor saiba identificá-lo, pois pode constituir-se em elemento capaz de interferir na aprendizagem.
O ciúme configura um diagnóstico grave quando persiste durante muitos anos.

Timidez

A superproteção ou a vida social restrita por parte dos pais são empecilhos à socialização da criança. Ela se torna dependente, insegura e acaba se isolando dos outros, dando a impressão de ser orgulhosa e antipática.
A timidez excessiva de uma criança deve ser encarada com seriedade. Provém em geral de um complexo de inferioridade cultivado por pais, irmãos, outros adultos. Os excessos de castigos corporais também levam à timidez.
Não devemos confundir a criança tímida com a apática. A apatia é um sintoma de que as coisas não vão bem com a criança; suas causas podem ser orgânicas ou emocionais (desamor, violência). Tanto a criança tímida como a apática necessitarão de amor, apoio e afeto dos pais e professores.

Fantasia

A fantasia considerada “normal” é uma forma de ajustamento da criança à realidade em que ela vive. Já a fantasia caracterizada como problema psicológico é aquela que a criança usa como uma espécie de fuga da realidade, que ela não quer aceitar por diversos motivos.
A fantasia pode vir acompanhada não só de medo como também por agressividade e outros sentimentos. A intensidade dos sentimentos e a persistência da fantasia é que vão nos dizer o seu grau de normalidade.
Considerando a fuga da realidade através da fantasia dentro dos parâmetros da normalidade, verificamos que muitas crianças conseguem isso de maneira bem original, criando em sua imaginação o que chamaríamos de “companheiros imaginários”, amigos que na realidade não existem. São pessoas, animais ou objetos com os quais a criança conversa e faz suas confidências. As crianças que buscam esses tipos de companheiros imaginários, em geral são as que vivem muito isoladas ou só no meio de adultos, o caçula que veio bem depois dos outros irmãos, o filho que sofre excesso de exigência dos pais ou que tem um relacionamento inadequado com irmãos e professores.


Existem alguns procedimentos que podem ser utilizados pelos adultos para evitar que a criança se refugie no mundo da fantasia:· Estimular seus interesses, levando-a em passeios, excursões, exposição de animais, etc;
· Introduzi-la em grupos adequados à sua idade;
· Desenvolver atividades que sejam de seu agrado e envolvam habilidades especiais.


Negativismo
É uma resistência exagerada da criança frente às imposições que o adulto lhe faz e essa resistência muitas vezes se manifesta em forma de desobediência, acompanhada até de agressividade.
O negativismo muitas vezes é acompanhado de agressividade desde o primeiro ano de vida. A permanência do negativismo, quando a criança passa a recuar o que lhe é oferecido apesar de seu desejo de aceitar, já é um distúrbio de conduta.
No início se apresenta em forma de resistência física e posteriormente, em forma de resistência verbal. Quanto mais frustada e incompreendida pelo adulto, mais negativista a criança se torna.

Agitação, inquietude e instabilidade

Aos três anos a criança não é capaz de adaptar-se a um grupo porque a instabilidade e a inquietude não lhe permitem travar uma relação direta com outras crianças. Em suas atividades ela se mostra estabanada e desmancha o que as outras estão fazendo; não pára em um único lugar, passando em minutos por todos os grupos, fala demais e não chega a escutar o que lhe dizem.
Há, entretanto, crianças sempre irrequietas ou que se tornam instáveis a partir de certos momentos de suas vidas. A instabilidade vem acompanhada às vezes de agressividade, provocando descontentamento no ambiente escolar e na vizinhança.

Sexualidade

A necessidade e a curiosidade de aprender coisas a respeito do sexo estão presentes na criança pequena na mesma proporção das outras curiosidades e necessidades.
A curiosidade em conhecer o próprio corpo, seu sexo, o sexo oposto, o corpo de seus pais, comparar-se com crianças do mesmo sexo faz parte de um interesse natural da criança.
Uma educação correta, sem ansiedades ou reações impulsivas dos pais é um dos fatores mais importantes para o equilíbrio emocional da criança. O contrário, ou seja, a não satisfação da curiosidade, deturpação da realidade e fantasias a respeito. E esta é, sem dúvida, a origem de problemas futuros que poderão evoluir para patologias graves, causando verdadeiros distúrbios de conduta sexual.
Um aspecto importante do desenvolvimento sexual de uma criança é o processo de identificação com pessoas do mesmo sexo.


Os problemas de distorção de identidade ocorrem devido à não identificação dos meninos com o pai e das meninas com a mãe, em situações de:· Ausência física ou psicológica do progenitor do mesmo sexo;
· Indefinição ou não aceitação por um dos progenitores de seu papel sexual na família;
· Excesso de autoridade do pai ou da mãe, acompanhado de admiração do filho ou da filha.

Outro aspecto importante do desenvolvimento da sexualidade é a da masturbação. Em geral é por vontade de conhecer o próprio corpo que a criança se masturba e isto lhe traz sensações agradáveis, que lhe dão prazer. Em crianças de 4 ou 5 anos dificilmente se transforma em hábito; é um comportamento natural, que deve ser encarado da forma mais espontânea possível pelos adultos.


Para que o hábito não se instale, é possível tomar algumas medidas como:· Manter a criança ocupada em atividades manuais;
· Evitar que ela fique muito tempo sozinha;
· Não forçar a criança a ir para a cama sem que esteja com sono;
· Evitar, quando possível, a companhia de crianças mais velhas que tenham esse hábito;
· Não castigar nem proibir a manipulação dos órgãos sexuais.

Se esse comportamento se tornar um hábito, é necessário encaminhar a criança a um médico ou psicólogo.

Problemas familiares

Uma grande parte dos distúrbios de comportamento reflete o desequilíbrio social e emocional das relações existentes na família.
A família é a primeira unidade coma qual a criança tem contato contínuo e é também o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização e problemas sociais.


Existem os mais variados tipos de famílias:· A família encabeçada por um dos pais devido à separação ou morte de um deles;
· A família também constituída pelos avós, que moram junto;
· A família em que os cônjuges são de raça ou religião diferentes;
· A família formada de um segundo casamento de um dos pais;

Os problemas mais comuns na família que podem interferir na aprendizagem são:
- Separação dos pais;
- Morte;
- Superproteção – filho único;
- Enurese (aspecto emocional);
- Vícios infantis.

A educação ainda é o único meio de romper o círculo vicioso das drogas e do álcool. Uma atitude amiga e aberta do professor e uma educação diária com fotos, poemas, histórias, filmes, podem ajudar a prevenir a criança contra os efeitos negativos que esses vícios provocam.

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