sábado, 11 de junho de 2011

O significado das palavras e a formação de conceitos

... um problema deve surgir, que não
possa ser solucionado a não ser que
pela formação de um novo conceito
(Vygotsky, 1962:55)

A partir do momento que a criança descobre que tudo tem um nome, cada novo objeto que surge representa um problema que a criança resolve atribuindo-lhe um nome. Quando lhe falta a palavra para nomear este novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses significados básicos de palavras assim adquiridos funcionarão como embriões para a formação de novos e mais complexos conceitos.

Pensamento, linguagem e desenvolvimento intelectual

De acordo com Vygotsky, todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento histórico-social de sua comunidade (Luria, 1976). Portanto, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento do indivíduo não são determinadas por fatores congênitos. São, isto sim, resultado das atividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. Conseqüentemente, a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal desta criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação de como a criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança através de palavras (Murray Thomas, 1993).

Para Vygotsky, um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é necessário para que se entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma expressão do conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-relação fundamental entre pensamento e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.

Zona de desenvolvimento próximo

Um dos princípios básicos da teoria de Vygotsky é o conceito de "zona de desenvolvimento próximo". Zona de desenvolvimento próximo representa a diferença entre a capacidade da criança de resolver problemas por si própria e a capacidade de resolvê-los com ajuda de alguém. Em outras palavras, teríamos uma "zona de desenvolvimento auto-suficiente" que abrange todas as funções e atividades que a criança consegue desempenhar por seus próprios meios, sem ajuda externa. Zona de desenvolvimento próximo, por sua vez, abrange todas as funções e atividades que a criança ou o aluno consegue desempenhar apenas se houver ajuda de alguém. Esta pessoa que intervém para orientar a criança pode ser tanto um adulto (pais, professor, responsável, instrutor de língua estrangeira) quanto um colega que já tenha desenvolvido a habilidade requerida.

Uma analogia interessante nos vem à mente quando pensamos em zona de desenvolvimento próximo. Em mecânica, quando regula-se o ponto de um motor a explosão, este deve ser ajustado ligeiramente à frente do momento de máxima compressão dentro do cilindro, para maximizar a potência e o desempenho.

A idéia de zona de desenvolvimento próximo é de grande relevância em todas as áreas educacionais. Uma implicação importante é a de que o aprendizado humano é de natureza social e é parte de um processo em que a criança desenvolve seu intelecto dentro da intelectualidade daqueles que a cercam (Vygotsky, 1978). De acordo com Vygotsky, uma característica essencial do aprendizado é que ele desperta vários processos de desenvolvimento internamente, os quais funcionam apenas quando a criança interage em seu ambiente de convívio.

Nélson Jahr Garcia

EXPANSÃO DOS HORIZONTES MENTAIS

Ampliando as teorias de Vygotsky

Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.

Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.
Marta Kohl de Oliveira

1.Plano genético postulado por Vygotsky:
•Filogênese: história de uma espécie (Ex: plasticidade do cérebro)
•Ontogênese: desenvolvimento do ser (o indivíduo)
•Sociogênese: história da cultura onde o indivíduo está inserido.
•Microgênese: história de determinado fenômeno; (foco bem definido; faz a gente olhar para o outro de forma singular).

2.Mediação Simbólica:

A relação entre o homem e o meio é mediada por instrumentos, símbolos, pessoas.
Exemplo da vela (relação mediada): Mediação semiótica
Internalizado: representação mental.

3.Pensamento e Linguagem:
Signos / Língua (fala, discurso).
Função da comunicação: fala socializada, pensamento generalizante, discurso interior;
Relação pensamento + linguagem = compreensão, generalização.

4.Inteligência prática e abstrata:

Prática: Sem mediação simbólica (primórdios do pensamento)
Abstrata: funciona em plano simbólico: lembrar, criar, imaginar, planejar...

5. Fala egocêntrica:
Piaget – desenvolvimento está saindo do indivíduo.
Vygotsky – falar sozinho: traz pra dentro de si; a criança explicita pra ela mesma os passos de seu pensamento.

6. Desenvolvimento e aprendizagem: é que promove o desenvolvimento.
• Piaget – “por desenvolver-se é que o indivíduo aprende”.
Por exemplo: a brincadeira (jogo simbólico, jogos de papéis, jogo de faz-de-conta).
Atividades realizadas do “lado de fora” que servirão de suporte para o desenvolvimento.

7. Zonas de desenvolvimento proximal: é onde acontece a intervenção pedagógica. É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial; está próximo, mas ainda não foi atingido. Define as funções que ainda não amadureceram, mas estão em estado de germinação.
• Antes – zona de desenvolvimento real: o que a criança já faz ou sabe fazer; já existe um conhecimento consolidado. Por exemplo, domínio da idéia de juntar, de adicionar: 2 + 2 + 2 = 6.
• Zona de desenvolvimento potencial – é determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com o auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar: 3 x 2 = 6.

8. Intervenção pedagógica: é essencial dentro do processo de desenvolvimento.

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