segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dicas de português - 4

1ª) Venda MONSTRA  ou  Venda MONSTRO?
Leitor questiona propaganda que fala em “VENDA MONSTRO”.
Nosso leitor não tem razão.
A frase não está errada. MONSTRO é um substantivo no papel de adjetivo. Quando isso acontece, a palavra torna-se invariável (=não tem feminino nem plural): “venda MONSTRO” e “engarrafamentos MONSTRO”.
O mesmo ocorre com o substantivo LARANJA (=fruta). Quando exerce a função de adjetivo (LARANJA = cor), torna-se invariável: “Casaco LARANJA”. “Camisas LARANJA”. Não devemos usar “camisas laranjas”, e ninguém diria “casaco laranjo”.
Não devemos confundir MONSTRO (=substantivo) com MONSTRUOSO (=adjetivo). Isso significa que o adjetivo deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere: “venda MONSTRUOSA”, “engarrafamentos MONSTRUOSOS”.
Também não devemos confundir LARANJA (substantivo exercendo a função de adjetivo = nome de fruta como cor) com AMARELO, que é cor mesmo (=adjetivo):
“Casaco LARANJA, mas casaco AMARELO”;
“Camisas LARANJA, mas camisas AMARELAS”.
Que fique bem claro:
Os adjetivos apresentam flexão de gênero e número;
Os substantivos, exercendo a função de adjetivo, ficam invariáveis.

2a) Até as 10h  ou  Até às 10h?
Para muitos autores, neste caso o uso do acento da crase é facultativo.
Em Portugal, é normal o uso do acento da crase após a preposição “até”.
Eu, porém, prefiro a forma sem o acento da crase: “Até as 10h”.
Na minha opinião, a presença da preposição “até” torna desnecessário o uso da preposição “a”. Isso significa que temos apenas o artigo definido “as”.
O mesmo ocorre com outras preposições:
“Viajou para a Itália”; “Está aqui desde as 10h”; “Chegará só após as 10h”; “Lutou contra a ditadura”.
Tome cuidado para não confundir a preposição “até” com a partícula de inclusão (até = inclusive): “Até os diretores compareceram à reunião” (=inclusive os diretores). Após a partícula de inclusão pode ocorrer a crase:
“O aluno se referia às colegas e até à amiga mais íntima”.

3a) HÁ  ou  A?
Dois leitores têm a mesma dúvida:
1o) “A empresa X mantém HÁ ou A quatro anos contrato com o cliente Z” ?
2o) “Estamos trabalhando HÁ ou A 150 dias sem acidentes com afastamento” ?
Nos dois casos, devemos usar HÁ: “…mantém HÁ quatro anos…” e “Estamos trabalhando HÁ 150 dias…”
Quando houver a ideia de tempo decorrido, usamos o verbo HAVER ou o verbo FAZER (=”…FAZ quatro anos…” e “…FAZ 150 dias…”).
Observações:
1a) Os verbos HAVER e FAZER se referem a tempo PASSADO e devem ser usados somente no SINGULAR (=não têm sujeito);
2a) Caso a ideia seja de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “a”: “Assinaremos o contrato daqui A quatro dias”;
“Voltaremos ao trabalho daqui A 150 dias”.

4a) PORQUE ou POR QUE ou PORQUÊ ou POR QUÊ?
a)    PORQUE = conjunção causal ou explicativa:
“O advogado não compareceu à reunião PORQUE está doente.”
“Feche a porta PORQUE está ventando muito.”

b)    PORQUÊ = forma substantivada (com artigo “o” ou “um”):
“Ela quer saber o PORQUÊ da sua demissão.”
“O diretor quer um PORQUÊ para tudo isso.”

c)    POR QUÊ = no fim de frase (antes de pausa forte):
“Parou POR QUÊ?”
“Se ele mentiu, eu queria saber POR QUÊ.”
“Quero saber POR QUÊ, onde e quando.”

d)    POR QUE
  • em perguntas (diretas ou indiretas):
“POR QUE parou?”
“Gostaria de saber POR QUE você viajou.”
  • substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL…
“Só eu sei as esquinas POR QUE passei.” (=pelas quais)
“É um drama POR QUE muitos passam.” (=pelo qual)
  • com a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:
“Desconheço os motivos POR QUE a viagem foi adiada.” (=pelos quais)
“Não sei POR QUE motivo o advogado não veio.” (=por qual)
“Não sei POR QUE ele não veio.” (=por qual motivo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário