segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dicas de português - 8

1ª) AUTO ou ALTO?
1) ALTO é o contrário de BAIXO. Pode ser adjetivo ou advérbio. Observe os exemplos:
“Ele é um homem alto.” (x homem baixo – adjetivo);
“O som estava muito alto.” (x som baixo – adjetivo);
“Gostei do alto-relevo.” (= relevo alto - adjetivo);
“Desligou os altos-fornos.” (adjetivo);
“O diretor sempre falava alto.” (x falava baixo – advérbio);
“Comprei quatro alto-falantes.” (advérbio).
2o)  AUTO é um prefixo de origem grega que significa “a si próprio, a si mesmo”. Tem uma ideia reflexiva. O automóvel foi assim chamado porque “movia a si próprio” ( = dispensava a tração animal). Autocontrole é ter o controle de si mesmo. Autodidata é o que aprende sozinho, ensina para si mesmo.
Portanto, é impossível “você fazer a autobiografia do seu melhor amigo”. E é redundante “você fazer a autobiografia de si mesmo”. Ou você faz a sua autobiografia ou você faz a biografia do seu melhor amigo.
2ª) Horas ou H ou HS ou h ou hs?
São tantos leitores perguntando, que resolvi voltar ao assunto.
1o) Horas deve ser abreviado com letra minúscula ( = “h”): “A reunião será às 3h.” O “H” (maiúsculo) é o símbolo do hidrogênio.
2o) Não faz plural: “A reunião será às 3h”, e não “…às 3 hs“.
3o) Devemos escrever horas por extenso quando nos referimos à duração: “Eles estiveram reunidos durante três horas”.
4o) Não há a necessidade dos “00″ para indicar os minutos. Não precisamos usar “3:00h“. Se houver minutos, podemos abreviar com “min”: “A reunião será às 3h30min”. Para mim, bastaria 3h30.
Observe a diferença:
“A reunião vai das 8h às 10h.” (A reunião começará às 8h e terminará às 10h);
“A reunião vai de oito a dez horas.” (A duração da reunião será aproximadamente entre oito e dez horas).
Vejamos agora um exemplo curioso enviado por um leitor:
“Este evento ocorrerá às 19 e 20 horas.”
Parece haver dois horários possíveis para o evento: às 19h e às 20h. A verdadeira informação era: “Este evento ocorrerá às 19h20min.”
3ª) VERBOS PRONOMINAIS
Leitora faz um alerta: “É iminente a extinção dos verbos pronominais”. Observe a lista de exemplos. Você já deve estar tão acostumado a ouvir, que talvez nem sinta falta do pronome:
“Como você chama?” (Como você se chama?)
“O autor chama José de Alencar.” (O autor se chama José de Alencar.)
“Eu formei em engenharia.” (Eu me formei em engenharia.)
“Eu machuquei.” (Eu me machuquei.)
“Eu gripei.” (Eu me gripei.)
“O jogador está aquecendo.” (O jogador está se aquecendo.)
“O Brasil classificou.” (O Brasil se classificou.)
Por outro lado, também ocorre o uso desnecessário do pronome. Durante as transmissões dos jogos da Copa, tivemos o dissabor de ouvir um dos nossos locutores afirmar: “O atacanteescorregou-se“.
Isso, provavelmente, foi para ser bem claro: o atacante não foi empurrado; ele caiu sozinho. É preciso buscar a “lógica” do raciocínio. Portanto, se o atacante escorregar de novo, “ele se escorregou-se“.
Estou brincando, é claro. Basta: “O atacante escorregou”.
4ª) Referia-se à ou a Vossa Excelência?
Todos nós aprendemos na escola que não ocorre crase antes de pronomes de tratamento. O certo é: “Referia-se a Vossa Excelência”.
Por quê?
Porque não há artigo definido “a” antes dos pronomes de tratamento femininos que podem ser usados para substituir tanto mulheres quanto homens: Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa Alteza, você…
Caso o pronome de tratamento seja feminino e sirva só para substituir mulheres, pode ocorrer a crase:
“Referia-se à senhora (=ao senhor);
à doutora (=ao doutor);
à Ilustríssima… (=ao Ilustríssimo…);
à Meritíssima… (=ao Meritíssimo…);
à senhorita, à madame …
5ª) “À ou A realizar-se no dia 8 de dezembro…”?
Para que o seu convite de casamento não apresente erros gramaticais que possam provocar risinhos de algum convidado mais exigente, escreva:
“A realizar-se no dia 8 de dezembro…”
Parabéns pelo seu casamento, e não esqueça: antes de verbo é impossível ocorrer crase, porque jamais haverá artigo definido “a” antes de verbo.

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